Envie seu whats:
(54) 99673-0977


NOTÍCIAS

Agrotóxico usado na soja responde por 80% das mortes de abelhas no RSAgrotóxico usado na soja responde por 80% das mortes de abelhas no RS

Compartilhe:
Publicado em 15/01/2019, Por Canal Rural

Cerca de 80% dos casos de mortandade de abelhas — em que há morte de todas as colmeias de um apiário — no Rio Grande do Sul analisados pelo engenheiro agrônomo Aroni Sattler, em 2018, decorreram da ingestão ou contato com o inseticida fipronil. O produto é usado no Brasil para proteger sementes de soja contra insetos como o bicudo.

No ano passado, a parceria entre o professor da faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e um laboratório do setor privado examinou 30 episódios registrados no estado. O trabalho conduzido por Sattler revelou um índice próximo ao do projeto Colmeia Viva. Entre 2014 e 2017, a iniciativa analisou aproximadamente 200 ocorrências. Das quase 60 em que foi possível detectar o ingrediente ativo, o fipronil representa 70%.

Doutor em ciências biológicas, Osmar Malaspina estuda abelhas há 40 anos e integrou a equipe de pesquisa. Segundo ele, o problema está na utilização incorreta do produto. Esta também é a denúncia do coordenador da Câmara Setorial de Apicultura do estado, Aldo Machado. “É um problema que vem se agravando de dois anos para cá, e não tem ninguém fiscalizando. O Ministério Público não está se mexendo, o governo também não”, diz.

De acordo com Machado, nos últimos meses foram registrados casos de extermínio de colmeias nos municípios gaúchos de Alegrete, Bagé, Caçapava do Sul, Cruz Alta, Frederico Westphalen, Santana do Livramento, Santiago e São José das Missões.

O coordenador afirma que produtos à base de fipronil estão sendo usados na fase da floração da cultura. É aí que está o problema, diz Machado, que também é apicultor: as abelhas visitam as áreas de soja, coletam néctar contaminado e retornam às caixas. “O produto mata por contato e ingestão. Qualquer outro inseto que encoste nessa abelha morre também”.

Para Aldo Machado, alguns produtores de soja estão fazendo a aplicação de fipronil juntamente com dessecantes para economizar diesel e mão de obra. “O correto seria aplicar os dois produtos separadamente, para que não haja fipronil nas lavouras quando as abelhas forem atrás das flores”, diz.

 

Contando os prejuízos

Em Santiago (RS), apicultores estimam ter perdido 200 colmeias, diz Machado. “O presidente do Sindicato de Cruz Alta me contou que cerca de 1.000 colmeias devem ser perdidas só no município”.

Segundo o coordenador da Câmara Setorial, um laudo da Universidade de Santa Maria estima o prejuízo por colmeia em R$ 810. “O produtor que aplica de forma incorreta para economizar está ganhando, e o apicultor, pagando a conta”, afirma.

(FOTO: ALDO MACHADO)







Podcasts

Ver + ENTREVISTA Boletim Pré Custeio | Sicredi Altos da Serra
JORNAL RSA NEWS Jornal dia 27 de Março de 2024
ENTREVISTA Falando sobre Saúde