Depois de um longo caminho percorrido, marcado pela união de esforços entre produtores rurais, autoridades e entidades do setor, o Rio Grande do Sul foi reconhecido oficialmente, na manhã desta quinta-feira (27), como zona livre de febre aftosa sem vacinação. O novo status sanitário, confirmado em assembleia geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), representa uma conquista histórica e traz consigo a promessa de grandes negócios, mas também impõem desafios.
Será preciso manter o rigor nos cuidados sanitários e garantir que os criadores sigam atentos para evitar riscos. Até hoje, muitos deles guardam vivo na memória o trauma testemunhado em Joia, no noroeste do Estado, no início dos anos 2000.
Há 21 anos, outdoors espalhados pelas rodovias comemoravam a vitória sobre a doença, e a certificação internacional — hoje uma conquista real — era esperada com ansiedade. A descoberta de um foco do vírus levou ao sacrifício de 11 mil animais.
Desde então, a suspensão da imunização despertava sentimentos ambíguos entre os produtores. Graças a esforços conjuntos e a ações concretas, o desfecho positivo chancelado pela OIE abre novas perspectivas e sopra ventos de prosperidade no campo.
Segundo a secretária estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Silvana Covatti, a novidade tem potencial para abrir mercados como Japão, Coreia do Sul, México, Estados Unidos, Chile, Filipinas, China (carne com osso) e Canadá, alcançando até 70% dos compradores mundiais. A expectativa é de aumento nas exportações da ordem de US$ 1,2 bilhão ao ano.
— Vamos poder exportar carne bovina, suína e de aves para os mercados mais exigentes do mundo. Isso é um grande êxito para a agropecuária gaúcha e é resultado de um trabalho feito por muitas mãos. Só o governo do Estado investiu R$ 12 milhões para fortalecer as inspetorias veterinárias — destaca Silvana, que viajou a Brasília com o governador Eduardo Leite para acompanhar o anúncio da OIE ao lado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Os benefícios prospectados animam líderes setoriais, mas isso não significa que a tarefa terminou. Daqui para frente, será preciso atenção contínua.
(FOTO: WENDERON ARAUJO/TRILUX/CNA/DIVULGAÇÃO/JORNAL DO COMÉRCIO)